A cigarra e a formiga formavam um belo par Eram Roque e a amiga, vizinhas do meu pomar A formiga, com afinco, encarreirava no carreiro Desde as nove até às cinco no vaivém do formigueiro A cigarra era uma artista, cantava canções ligeiras No cabaré de revista, debaixo das laranjeiras Às vezes não tinha pão e tinha que o inventar Vendia a sua canção a quem quisesse comprar Mas um dia a formiga morreu, não sabem de quê Uns dizem que foi fadiga, outros debaixo dum pé E deixou dinheiro a prazo a render para ninguém Ouro fechado à chave no fundo dum armazém E continuou a cigarra, sempre pobre e falida A acompanhar à guitarra, a cantar feliz da vida Ouçam-na a meio da tarde, alto vai seu recital Não tem anjo que a guarde nem sequer caixa mutual A cigarra era uma artista, cantava canções ligeiras No cabaré de revista, debaixo das laranjeiras Às vezes não tinha pão e tinha que o inventar Vendia a sua canção a quem quisesse comprar Mas um dia a formiga morreu, não sabem de quê Uns dizem que foi fadiga, outros debaixo dum pé E deixou dinheiro a prazo a render para ninguém Ouro fechado à chave no fundo dum armazém ♪ A cigarra era uma artista, cantava canções ligeiras No cabaré de revista, debaixo das laranjeiras Às vezes não tinha pão e tinha que o inventar Vendia a sua canção a quem quisesse comprar Mas um dia a formiga morreu, não sabem de quê Uns dizem que foi fadiga, outros debaixo dum pé E deixou dinheiro a prazo a render para ninguém Ouro fechado à chave no fundo dum armazém ♪ Ó formigas sem prazer, tirem a vossa lição Pesem bem, deve e haver e oiçam mais o coração