Encostado sem brio ao balcão da taberna De nauseabunda cor e tábua carcomida O bêbado pintor a lápis desenhou O retrato fiel duma mulher perdida O bêbado pintor a lápis desenhou O retrato fiel duma mulher perdida A impudica mulher, perante o vil bulício De copos tilintando e de boçais gracejos Agarrou-se ao rapaz, cobrindo-o de beijos Perguntou-lhe a sorrir, qual era o seu ofício Agarrou-se ao rapaz, cobrindo-o de beijos Perguntou-lhe a sorrir, qual era o seu ofício Ele a cambalear, fazendo um sacrifício Lhe diz a profissão em que se iniciou E ela escutando tal, pedindo-lhe alcançou Que então lhe desenhasse o rosto provocante E num sujo papel, as feições da bacante O bêbado pintor a lápis desenhou Retocou o perfil e por baixo escreveu Numa legível letra o seu modesto nome Que um ébrio esfarrapado, e o rosto cheio de fome Com voz rascante e rouca à desgraçada leu Que um ébrio esfarrapado, e o rosto cheio de fome Com voz rascante e rouca à desgraçada leu Esta, louca de dor, para o jovem correu Beijando-lhe muito o rosto, e abraço-o de seguida... Era a mãe do pintor, e a turba comovida Pasma ante aquele quadro, original e estranho E enquanto o pobre artista amarfanha o desenho O retrato fiel duma mulher perdida