Ele Eu adoro do mar, as ondas imponentes Que vão morrer à praia em finos rendilhados Ela Eu adoro a campina, a rústica montanha Adoro enfim a paz nostálgica dos prados Ele Camponesa, sabes lá os encantos que encerra A cerúlea amplidão dos grandes oceanos Quando a guitarra geme os íntimos arcanos Do nauta que partiu em busca doutra terra Ela Tem mais encanto ver no alto duma serra O sol agonizar em crispações frementes Ouvimos as canções bucólicas, ardentes Cantadas com amor pelas lindas zagalas Ele Apesar da beleza ascensa com que falas Eu adoro do mar as ondas imponentes Ela Acaso há lá no mar as fontes que gotejam Igrejas do Senhor batendo Avé-Marias Cantos de rouxinol e bandos de cotovias Cruzeiros que na estrada á noite lacrimejam Ele No mar mais fortemente as saudades adejam Uma tal comoção, mais emotiva e estranha Que a gente, ai Quanta vez, soluça e amarfanha As mãos de encontro ao peito olhando o infinito Ela Concordarei enfim, mas ainda te repito Eu adoro a campina, a rústica montanha Ele Também adoro o amigo e agora te acrescento Há gente que no mar transpondo as águas cérulas Gasta a vida colhendo as cruscantes pérolas E chora tanta vez com falta de alimento Ela Também no campo existe a fome e o desalento Entre nós os rurais morrem escravizados Ele Já vejo: És minha irmã, são iguais os nossos fados Ela Eu sou a camponesa e tu, o pescador Adoro em ti o mar e com grande fervor Adoro enfim a paz nostálgica dos prados