Quando o fado era cantado Pelas tabernas de Alfama Ninguém diria que o fado Viesse a ter boa fama Era a canção Da bebedeira e do calão Da rufiagem, capelão E dos fadistas de samarra E mal diria A Madragoa e a Mouraria Quem em Lisboa inda haveria Assim tal gosto pela guitarra Adeus tardes de toiradas Com guitarras e cantigas Adeus noites bem passadas Com bom vinho e raparigas Hoje os fadistas São tratados por artistas E aclamados nas revistas Com ovações delirantes Vestem do bom E por ser chique e ser do tom Já vão à tarde ao Odeon Se as matinés são elegantes Hoje o fado já não tem A rufiagem por tema Poliu-se, já é alguém E até já vai ao cinema O fado agora é pedido a toda a hora E ouvido pelo mundo fora Com alegria e agrado E há-de chegar A Hollywood e ter lugar Pois não se ilude quem pensar E há-de chegar A Hollywood e ter lugar Pois não se ilude quem pensar Que há-de ser grande o nosso fado