Sem memória que me possa recordar Porque a vida é mesmo assim Nasci de pernas pro ar Esta noite tive os sonhos mais reais Mas aqui não há lugar Para quem cresceu demais Dizem que eu não tenho imenda Mas eu vou dar que falar Faço a cama onde me deito Num castelo a balançar Ainda ontem era puro Hoje sou mau de tragar Só a carícia do vento Vem de noite aconchegar Por defeito minha casa é o luar Roubo o que é meu por direito Não me queiras castigar Olhos fundos com um poço de alcatrão Quando a noite não desanda Faço minha a escuridão Dizem que eu não tenho imenda Mas eu vou dar que falar Faço a cama onde me deito Num castelo a balançar Ainda ontem era puro Hoje sou mau de tragar Só a carícia do vento Vem de noite aconchegar E se tudo é passageiro Se o futuro ninguém ter Talvez por ser tão inteiro deus até me queira bem Sem memória que te possa recordar