Passo pelos corredores Porque tenho de passar Paro em frente a uma porta Que me leva ao meu lugar Abro e vejo um telefone Um grito, um ronco de motor no chão uma cabeça O sangue e a televisão A arca de noé e a porta da prisão A fumaça, o pesadelo e eu solto um palavrão No horário o escritório a bomba a ponto de explodir No céu um astronauta As portas da desilusão A lua de neon e um deus que já morreu Sou humano mas namoro um computador O progresso engoliu a nossa paz E a teia engoliu a própria aranha E é por isso que o coqueiro só da côco, Só dá côco, só da côco Essa liberdade enlatada Esse amor de borracha, escapou no outro lado Essa luz nos meus olhos Esse concreto armado, essa paz asfaltada São coisas com cheiro de coração E gosto de fel em brasa Pode ser que amanhã faça sol Pode ser que amanhã faça sol Pode ser que amanhã faça sol