Sou tão velho quanto as montanhas E os tiranossauros que ainda hoje se digladiam em minha mente Conheço os fantasmas que assustam o meu cérebro Gemendo e arrastando pesadas correntes Enquanto o grande medo, careca, desdentado e ancião Imprime suas digitais no lado mais escuro da minha razão Mas quando eu passo eu penso e vejo Ainda tantos lugares vazios Neste bonde chamado desejo Eu vi um magarefe sujo do açougue imundo lavar com o sangue das costelas do boi As costeletas da face e as escadas do fundo Sei da freira que num abrir e fechar de pernas, pede o perdão de Cristo Para cada gesto e risco, que ela apenas pensou em correr Nas drogas que consomem, nas noites que perdemos Nos verões que prometiam, nas palavras que caluniam Nos olhares que insinuam, nas pessoas que silenciam