Um tico-tico trouxe a novidade E cantou por toda a cidade Que ia haver festa no céu De bico em bico todo mundo na floresta Ficou sabendo da festa E foi buscar o seu chapéu O rouxinol foi avisar o colibri Que contou logo ao pintassilgo Que lembrou o urubu Dona coruja cochichou com o bem-te-vi Que fez fofoca com a cegonha Que espalhou pro uirapuru E o sabiá que já sabia que essa festa ia ser boa Disse pro pardal contar pro gavião E mestre sapo que não ia, pois só vai bicho que voa Pensou, pensou, pensou... "- eu vou de bico mas não fico aqui no chão!" Sapo não voa, não aterriza e não decola Mas quis mostrar que em esperteza ele é doutor Foi se esconder lá no buraco da viola Do urubu que era músico e cantor Pegou carona até o céu bem escondido E todo exibido quis dancar a noite inteira No fim da festa sem ninguém ter percebido Pulou pro fundo da viola, sem dar bandeira Mas tão comprido era o caminho cá pra baixo Que de tão curta, a paciência se esgotou E no vacilo de um ruído ou de um coaxo O urubu logo que ouviu, desconfiou E ao sacudir sua viola outro barulho Era o seu sapo que caía num mergulho "- sai dona pedra, que senão eu me esboracho!" E o grande choque lá na beira do riacho Mas ..., mestre sapo aprendeu a lição E além dos olhos esbugalhados de pavor Da pele enrugada, toda manchada pela colizão, ai que dor E a boca enorme de tanto gritar O sapo hoje toma cuidado De só ir ao lugar onde for convidado