Tem gente que nasce lã e cresce cobertor E acorda no frio da manhã morrendo de calor Tem gente que nasce um rio Que corre doce de encontro ao mar E morre ao provar do sal que trouxe ao paladar Tem gente que nasce trigo, vive e morre pão E sigo que quem nasce Gil só vai morrer canção Tem gente que nasce Abril Abrindo as rosas da primavera E morre vermelha, fechada no livro da nova era Levo contida na palma da mão A linha das voltas da ida da gente Elevo a vida, a alma e o coração Metamorfosicamente Tem gente que nasce África, escravidão E morre de pena tinteiro da libertação E um século inteiro depois Nas mãos do poeta Bahia Renasce na escrita da esferográfica poesia Tem gente que nasce gente e segue em frente assim E não consegue deixar de ser gente até o fim Mas sente quando a morte vem Tentando não ser mais pessoa Vê que a vida foi toda à toa E então morre ninguém Levo contida na palma da mão A linha das voltas da ida da gente Elevo a vida, a alma e o coração Metamorfosicamente