Nas palafitas sobrevivo sobre as águas mortas
Não tenho escolha, só me resta resistir
No barracão sem forro do morro, eu não morro
Pelas vielas tortas, sigo a insistir em existir
Na periferia onde o poder não tem Estado
Sou a teimosia de quem nunca vai desistir
Vou de ônibus lotado
Vou me espremer no trem
Vão do meu lado outros milhões de Zé Ninguéns
Sem educação, sem emprego e segurança
Sem saúde, sem teto, sem chão
Mas não me entrego, não
Sou a última esperança
De tomar uma atitude e um dia ter uma nação
E ser cidadão, e ser cidadão
De um dia ter uma nação
E ser cidadão
A despeito dos canalhas do planalto
Eu sempre sonho alto, ainda estou nessa batalha
Não quero migalha, esmola ou caridade
Quero ter dignidade da pátria que me pariu
Salve os filhos do Brasil, salve os filhos do Brasil
Sou flor que brota no chão do sertão rachado
Na valentia, ali não dava pra nascer
Desenganado, ignorante ignorado
Passei no teste, vivo pra ainda ver chover
Mas meu agreste é outra seca, outra carência
Ter consciência e desbancar meus coronéis
Troco um açude pra que esse cenário mude
Sem personagens do tempo dos dez mil réis
Vou em cada pau-de-arara
Vou no carro de boi
Gente firme que não pára e a vida inteira já se foi
Sem educação, sem emprego e segurança
Sem saúde, sem teto, sem chão
Mas não me entrego, não
Sou a última esperança
De tomar uma atitude e um dia ter uma nação
E ser cidadão, e ser cidadão
De um dia ter uma nação
E ser cidadão
À revelia dessa escória parasita
Minha fé é mais bonita, ainda mudo a nossa história
Apesar de tanto mal, tanta sujeira
No meu peito e na memória guardo as cores da bandeira
Salve a nossa gente brasileira, salve a nossa gente brasileira
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