Um nove nove zero começou a viagem que dura até hoje Caminhos sinuosos, tão perigosos Mas sem perigo talvez eu nem lá fosse Porque há que cair, tinta negra, fundo do poço Mas é assim que se começa um belo esboço E pouco a pouco fui juntando a cor E pouco a pouco insípido agora é sabor Enquanto as ondas do mar andarem p'ra frente Também eu irei andar outras tantas para trás Enquanto o rio for correndo, sou corrente, mas prudente Onde irei desaguar e assim sou capaz De respeitar de onde vim, p'ra onde vou Custa-me não sabеr quem serei, mas sabеr quem sou Quem eu não sou, quem eu sou Quem eu não sou, quem eu não sou E será que chego à meta primeiro? Será que vale a pena ou eu desisto a meio? Será que és via segura e que eu não sei? Se tens noção, tenho colocado a minha vida em ti Como se fosse tua Hipoteticamente estar nua é tirar a roupa Mas estranhamente só me sinto assim com o mic na boca Com o mic em punho, com a caneta em punho, letra em folha Eu enterro o passado senão não broto em futuro Enterro o passado senão não broto em futuro Enterro o passado senão não broto em futuro Enterro o passado Saber quem sou, só eu sei Caminhos nem sempre vão dar a Roma E embora esconda, eu sei que há uma causa p'ra este sintoma Mantive-a na sombra tempo demais E agora dá sinais de vida tipo a querer sair de coma Sinto a carga de ombro a Empurrar me da pista tipo que eu perdi o dom da Rima contorcionista, hoje é só uma ideia tonta Vê-me a limar arestas quando a terra, ela é redonda É só juntar as peças Só não me peças pa' sorrir quando a saudade estrangula No meio da festa a refletir sobre a outra face da lua Aquelas noites sem dormir fizeram mossa na tua Vida e agora o remorso assim que pode ele actua Houve um divórcio aos 29, de uma vida passada A ir à rua ver se chove e só voltar de madrugada, mano Agora rezo p'ra que o peso dos meus actos Não afaste a minha sorte e eu colha trevos de quatro Folhas que tenho rasgado, escolhas nem sempre dão certo Se isto é um regresso ao passado, futuro sinto-o mais perto Na verdade só temo, uma vida em busca do Nemo No esquecimento que é tão simples estar em pleno Eu enterro o passado senão não broto em futuro Enterro o passado senão não broto em futuro Enterro o passado senão não broto em futuro Enterro o passado Saber quem sou, só eu sei Saber quem sou, só eu sei ♪ Enterro o passado senão não broto em futuro Enterro o passado senão não broto em futuro Enterro o passado senão não broto em futuro Enterro o passado