Queria ter-te aqui ao lado para te ver sorrir Queria ser teu pau mandado, sem poder sair Agora pinto uma aguarela De uma nau ou caravela Que fugiu sem eu a ver partir Conduzias pela estrada De Cascais ao Rio Para trazeres uma lembrança De São Paulo ao tio És a beata que me escapa, Do cigarro para a garrafa És a pica que no Papa Não soltou um pio Nunca soube se era louco Para tocar no teu andar Nunca soube se era outro Que bebia desse olhar Leva agora o meu tesouro Deixa-me Respirar na solidão O que eu vivi Preso na tua mão És as águas que Regina cantou com Jobim És a mágoa que gostava de ter só para mim És a tinta da aguarela Que o Toquinho amou, tão bela Marginal, acidental no meu caminho Fui subindo a nacional, Fui do Farol a Chaves Tu, da Régua até à Foz O rio ficou dourado Tu em marte e eu na lua Sem saber se és minha ou tua E as pombinhas da catrina Ficaram sem fado Nunca soube se era louco Para tocar no teu andar Nunca soube se era outro Que bebia desse olhar Leva agora o meu tesouro Deixa-me Respirar na solidão O que eu vivi preso na tua mão E na hora da disputa Sem asneiras, por favor Nesta merda não há Outra maneira De repor a tua culpa A meu favor Sem que eu sofra O desamor que logo vem Assim que tu te vais também Nunca soube se era louco Para tocar no teu andar Nunca soube se era outro Que bebia desse olhar Leva agora o meu tesouro Deixa-me Respirar na solidão O que eu vivi preso na tua mão