Quando vem a primavera e a flor se anuncia E ao fim de cada jorna, melhor sonhar com o dia Quando a noite fica morna e o luar desafia A gente vai encantar ao ver o verde parceiro As vozes vão à semente, para ela se comover O nosso canto ressoa e ajuda o milho a crescer Há quem diga que é verdade Que a terra tem prazer em dar frutos de vaidade Tem manias de mulher Que se lhe canta um amor, tem-se tudo o quanto quer Lua do final de março Primeiro baile ao relento, velhas danças e acalmar A fúria da trovoada Para que setembro traga uma boa desfolhada Se vier a tromba d'água, seca, geada negra Se nada nos restar da terra tão fustigada Se até a mágoa se for na leva da enxurrada Só nos resta Só nos resta cantar quando toda fé nos falha Pois lá na capital, ninguém liga a quem trabalha Se tivermos usando mal, não há cento que nos valha Só nos resta