Um fado novo, um rap antigo, um vinho velho Garrafas com mensagens que eu não desprezo Guanabara, mar adentro, Rio Tejo Falhas nas folhas falsas desse evangelho Eu, direto de um laico estado crítico Onde extraem capital do espírito Onde o voto é um vazio mítico Monte fardo, cego lado Alimento para o lírico, vai vendo O que não é complicado é complexo Fim do léxico, fatos fakes, falta nexo Vários séculos, aguenta o baque Nação edificada, sucessivo saque Golpe, destaque, morte, recalque Mal do mundo, mal dos trópicos, desfalque Emburrecimento da massa Misto de interesse, raça E assim nascemos Flor de lótus na lama da desgraça Mas isso aqui É pela aurora dos velhos tempos Porque assim Cada cabo da tormenta se dobra Cobra-se a cada momento Já que a poesia é um caminho sem volta Rara rima Arte que a areia leve enterre Somos frágeis porque a vida é breve No trânsito ácido das cidades Transito plácido, afinal, sonhar é grátis E se o mar é a nossa grande prisão A Terra seria liberdade Mas há maldade nesse chão Então mergulhei na língua crua De um destino incerto Naveguei tão longe A ponto de não enxergar Vi um oceano azul Eles só viram deserto Apenas fui, ponte ergui, difícil de acreditar Era quântico o romântico cântico Mas ainda hoje Somos versos que atravessam o Atlântico Porque no fundo é só o mar Somente o mar Que nos engole quando desejar Quando bem quiser Convide-o para jantar Fale de sua fé Mas não esqueça Que ele veio te buscar E enquanto formos livres nessa terra Cantaremos a prisão como laços da travessia Inventaremos uma epopeia com o título Pra lusofonia nasce um novo dia Porque no fundo é só o mar Somente o mar Que nos engole quando desejar Quando bem quiser Convide-o para jantar Fale de sua fé Mas não esqueça Que ele veio te buscar E enquanto formos livres nessa terra Cantaremos a prisão como laços da travessia Inventaremos uma epopeia com o título Pra lusofonia nasce um novo dia Numa ponta de oceano qualquer Na insignificância de qualquer sítio Observando a ousadia dos pássaros No meio do caos, na beira do cais E pensando em aproximar distantes É o exato momento em que a gente para Fecha os olhos, respira fundo E mergulha pra dentro de si mesmo E se o nosso coração é um coquetel molotov A gente cria coragem pra hackear tudo Absolutamente tudo que foi negado Tudo que foi omitido Tudo que nos foi roubado E na era da pós verdade Adamastor que nos aguarde A inversão das marés é questão de tempo Porque palavras podem confundir-se ao vento Porém, também são de quem as ouve Logo, metade