Passa-se o tempo a correr Enquanto a vida deixar Esperaremos como sempre Que alguém nos venha salvar Numa casa abandonada Ronda a morte sem chorar Do que foi não ficou nada Pra quem parte e quer ficar Não há ninguém na solidão dos meus passos E pouco a pouco, os abraços São a cruz do dia escuro Virá alguém matar de vez estas mágoas Caminhando sobre as águas Sem passado e sem futuro Que o mar da nossa incerteza Seja a força que nos cega Quando a terra nos despreza E o céu nega a nossa entrega No embalo da canoa Adormecem desvalidos No som das ondas à toa A voz dos corpos vencidos