Sou um índio sertanejo O mais puro da nação É tao grande minha mágoa Poluiram minhas águas Sem nenhuma punição Atacaram minha raça No lugar que tinha caça Só se vê fogo e fumaça Destruindo meu sertão Cadê minha siriema Que cantava no espigão Meus passarinhos de cores Bem-te-vi e beija flores Morreram sem proteção Tem um tal de moto serra Desbravando minhas terras O resto das minhas feras Não sabem pra onde vão Minhas rochas tem riquezas Milhões em minério puro Estão rancando e levando Estão renegociando Pagando somente o juro É um grande desaforo Minhas montanhas de ouro É o meu maior tesouro Índio não tem nem verdura Minha viola é de madeira Que tem o som natural Eu não achei outro jeito Pra desabafar o peito Vocês não me leve a mal Se vocês soubesse um dia O quanto que custaria Formar uma mataria Vocês não cortava o pau Esse erro é muito grave Nunca merece perdão Eu tenho pressentimento Quando for daqui uns tempo Na mais nova geração As criancinhas futuras Vão conhecer mata pura Em um quadro de pintura No museu de exposição