Velho carreiro ao parar de carrear Pra sua filha o comando ele entregou E aqueles bois se acostumaram com a moça De tal maneira que jamais ele encalhou. Podia estar no lamaçal mais perigoso Bastava ela dar apenas um sinal Pra se ouvir gemer botões dentro do barro E os bois tirando o carro do terrível Pantanal Somente a moça a boiada obedecia Sem o seu grito o velho carro não saia. Somente a moça a boiada obedecia Sem o seu grito o velho carro não saia. Um dia a moça adoeceu e aqueles bois Outro carreiro não queriam respeitar Era preciso que ela viesse à janela E desse ordem pra boiada caminhar "Vai Maiado! Vai Soberano! Vem Tufão! Vai Perigoso!" Até que um dia sem ouvir a voz da moça Puxaram o carro lentamente pela estrada Por que levava o seu corpo num caixão Com uma flor de estimação Pra sua última morada Esse mistério ninguém sabe se não foi A voz da moça do além tocando os bois Esse mistério ninguém sabe se não foi A voz da moça do além tocando os bois Daquele dia tudo se modificou Quanta tristeza tomou conta do lugar O velho carro que era dela silenciou E a boiada nunca mais quis carriar De sentimento por perder a companheira Foram morrendo um a um pelos currais Quem somos nós pra entender tamanha dor Como cabe tanto amor Nos corações dos animais Esse mistério ninguém sabe se não foi A voz da moça do além chamando os bois Esse mistério ninguém sabe se não foi A voz da moça do além chamando os bois