Pensei que era zuera, Que era brincadeira Despediu de mim e saiu na sexta-feira Disse que ia embora pra nunca mais voltar Que já tinha se cansado e ia me abandonar Pensei que ia passar, pensei que voltaria Se pá foi ali buscar pão na padaria Pra ficha cair Vou te fala demorou (O tempo passou) , Pois é, e ela não voltou Ela era tudo pra mim Depois que perdi meu pai E criar filho sozinha pra ela era demais Não aguentava a pressão , Desabava a chorar Uma pá de vez ouvi Ela reclamar Dizendo que não merecia pagar por erro dos outros Meu pai quem vacilou , Se enroscou, tomou pipoco Agora a bomba tava aí pra ela criar Acho que a bomba era eu que ela queria falar Às vezes me amava, às vezes me odiava Uma guerra de sentimentos e eu no meio sem armas Difícil pra mim entender o que aconteceu Parece que de todos os males pior sou eu À noite quando deito, cada noite um endereço Penso nela sinto aperto, se pá eu até mereço Sozinho no mundo, sofrimento profundo Mas eu faria de tudo pra ter minha mãe aqui junto De tudo o que sofri o que mais me fere É saber que não estou de noite em suas preces Aos nove anos te perdi... Tudo o que mais quero é ter você aqui De manhã o sol bate na calçada eu acordo Do café com leite que ela fazia eu me recordo Realidade triste já bate na minha cara Tipo pesadelo, mas eu acordo e ele não pára A vida não é bela, tudo é cinza sem ela Não acredito em amor, talvez seja a sequela Quando a vida é dura Mata alguns sentimentos Difícil é ter paz deitado ao relento Numa oração que fiz eu pedi por um futuro Diferente do que eu imaginava sem rumo Esperei por muito tempo encontrá-la de novo Quanto mais o tempo passou mais aumentou o desgosto Onde será que ela tá, Será que tá forte? Quando deita na cama pensa em mim, será que dorme? Quando almoça olha pro prato e lembra que eu tô com fome? Ou se pá nem se lembra qual é o meu nome? Várias coisas diferentes passam em minha cabeça Meu maior medo é que de mim ela se esqueça Se for assim, fazer o que? Já passou... Continua minha mãe seja da forma que for Escurece nas ruas e o perigo já vem Poder dormir e acordar é o que eu peço, amém! Papelão sobre o corpo o frio é um açoite Vou dormir sem um abraço e um beijo de boa noite De tudo o que sofri o que mais me fere É saber que não estou de noite em suas preces Aos nove anos te perdi... Tudo o que mais quero é ter você aqui Não sei se você sabe como é andar sem rumo Sem saber pra onde vai, sem saber do futuro Fazer um tour pela cidade a pé, fedendo urina Com fome se escondendo nos becos e nas esquinas Assim é o meu dia, desespero e agonia Desde os nove até os vinte, não era o que eu queria Pelo menos tô melhor do que muitos daqui Fui ensinado por ela antes dela partir A nunca me entregar pra droga nem pra bebida Por mais que fosse triste e difícil a vida Só não consigo ser feliz como sempre sonhei Parece que nem todo mundo nasce pra ser rei Em frente a uma igreja eu me sinto atraído Com medo de entrar e não ser bem recebido Último banco sentado pra não chamar a atenção Me emocionei com o louvor, com a adoração Ouvi uma mulher que contava da sua história Dizendo que Deus salvou e a Ele dava glória Fiquei atento ouvindo imaginando comigo Como seria em minha vida algo assim parecido Ela disse que tá feliz, mas falta um milagre Importante demais, só ela e Deus é quem sabe Ela ora e pela fé já faz os seus planos De encontrar o filho que abandonou com nove anos