Grita o silêncio da noite, corcoveiam os trovões Línguas de fogo lambendo aramados e moirões No céu, um patrão tropeiro vai remexendo os tições E um macegal se ajoelhando como a pedir mil perdões E o gado todo mais louco do que a fúria deste vento Redemoinha um no relento à procura de capões Relâmpagos que se cruzam retratam por entre as plagas Os entre-choque de adagas das velhas revoluções Pega pra cá, tio Ivan A voz de ouro do Rio Grande Aqui está geneteando o temporal com o Bordoneio ♪ Os coriscos vão marcando o longo preto do tempo Nuvens pançudas de chuva se aninham no firmamento A mata inteira valseia 'num compasso pacholento Com fogo se apaga fogo, sempre a cabresto do vento Por isso um galho extraviado veio tapear meu chapéu Atiçando um fogaréu nos bretes do pensamento Me apeguei a Santa Bárbara pra domar o temporal Que sem maneia e buçal ficou manso ao meu contento ♪ Os botões da velha gaita vão semeando melodias Que dos dedos do gaiteiro rebrotam em harmonias Pedem vaza ao universo essas notas araganas Campeando amores perdidos nos braços das querumanas Campeando amores perdidos nos braços das querumanas Se o tranco do fole lembra de mágoas e desencantos Como chinas desprezadas choramingam pelos cantos Como chinas desprezadas choramingam pelos cantos E quando o dia pede cancha 'num vaneirão derradeiro Tramela a porta do rancho e cala a gaita e o gaiteiro Tramela aporta do rancho e cala a gaita e o gaiteiro Vamo' lá, Ivan Continuando ♪ Os botões da velha gaita vão semeando melodias Que dos dedos do gaiteiro rebrotam em harmonia O braço rude do taita 'num vai e vem quase em coro Nessa prosa de mão dupla, ajeita mais um namoro Nessa prosa de mão dupla, ajeita mais um namoro Essa é a sina do gaiteiro que ao se abraçar a parceira Dá de graça essas venturas que campeou a vida inteira Dá de graça essas venturas que campeou a vida inteira E quando o dia pede cancha 'num vaneirão derradeiro Tramela a porta do rancho e cala a gaita e o gaiteiro Tramela aporta do rancho e cala a gaita e o gaiteiro Tramela aporta do rancho e cala a gaita e o gaiteiro ♪ Aê, valeu, Monarcas, beleza!