No varzedo do Manoã Havia um potro aporreado Um zaino negro tapado Crioulo ali dos Helgueira Pois nunca foi na mangueira Já se criou aragano Nos campos do Justiniano Na invernada da pedreira Não é que eu tivesse medo Mas convoquei um pessoal Hildebrando indio bagual Da lida, conhecedor Que me empresto um maneador Bem comprido e sovado Que amadrinho num gaiteado Da confiança e chegador Pra trazer uma canha pura Eu pedi pro Marco Aurélio Deito a cerca do Menélio Ali onde cruza as oveia E saiu trocando orelha Meio à trote e a galope E se foi lá no baixote Manda lota a boteja Que eu ia pegá o tal zaino Era grande o comentário Reuniu-se o vizindário Numa tarde muito quente Sentado ali pela frente Tomando uma canha pura Com tirador na cintura E uma espora sete dente Os ginete da redondeza Que souberam da pegada Vieram pedir a bolada Se acauso eu fosse pro chão Amigos do coração Que não deixam pra depois Chego o Neto Pedeboi De rédea e buçal na mão Eu disse deixa comigo Que já tô com a mão na massa O pessoal até achou graça Sentado ali pelo chão Isto é um baita bobalhão Ele quer ser o que não é Pois já se criou de à pé Só gineteando os tição Mas eu até achei graça E disse pros gozador Eu corto um corcoveador De espora, golpe e mangaço Quem duvida do que eu faço Não é que eu queira se o tal Que se vire num bagual Que eu arranco o saco a laço Num entrevero de mango Espora, crina e cachorro Não se via se era touro Que ali vinha acachorreado Eu pra trás bem atirado Firmado só nas chilena E a tarde ficou pequena Pra dá pau nesse aporreado