Com Valério Teixeira e Bugio Teixeira Nós fizemos enchendo os olhos de campo Manhãzita de maio, notícias do céu desabam nas casa Um angico nas brasas consome sem pressa seu cerno de lei O meu cusco ovelheiro fareja o suor da xerga estendida Que descansa da lida e do lombo do baio, seu trono de rei Outro ronco de mate quebrava o murmúrio da chuva nas telhas E o baeta vermelha, aberto em suas asas, pingava no chão Imitando um Sol posto, largava de pouco a luz da janela Empurrando a cancela, um ventito minuano assobiava no oitão Pelo olhar da janela, a vista perdia-se pelo campo vasto Verdejando o pasto, coxilha e canhada até a beira do rio Um campeirão grande, guardando um silêncio, dormido de pedras E uma estrada de léguas são partes da história de alguém que partiu Partiram pra longe, feito tanto do campo, feito tanto do céus Que por conta de Deus e à procura demais encilharam cavalos E rumaram pra sempre, deixando o galpão, saudade de um mate Pra depois, n'outro embate pelear por seu sonho e talvez encontrá-lo Hoje abro a janela e pergunto pro tempo: Por onde andarão? Os que aqui no galpão cevaram amargos por conta da lida E estenderam seus ponchos, baetas vermelhas de almas lavadas Onde em léguas de estradas, na calma das tropas prosearam a vida Só o silêncio das pedras e a água da chuva que encharca a mangueira E uma dor costumeira, saudosa do tempo, me fazem costado Vejo o angico nas cinzas e o cusco ovelheiro deitado num canto E encho os olhos de campo, de água e saudade, lembrando o passado Vejo o angico nas cinzas e o cusco ovelheiro deitado num canto E encho os olhos de campo, de água e saudade, lembrando o passado Manhãzita de maio, manhãzita de maio