Firmei a mala do poncho, compus de novo os arreios Cruzei as rédeas do mouro que vem atirando o freio Sigo cantando milongas com assovios pelo meio Meu verso não tem costeio, mas tem alma de Tahã Cor de cinza e picumã que se perde céu acima Troca de pluma reanima, faz ninho empeça postura Chocando a alma e lonjura pra descascar uma rima Chocando a alma e lonjura pra descascar uma rima Tem feições de cardo e tuna em meio a campos floridos E nos acordes sentidos com primavera nas mãos E libera a voz da emoção com ressaibos e segredos E o que me falta nos dedos me sobra no coração Deixar rastos e milongas, sinais de cascos e esporas É como semear Rio Grande vida à dentro, campo à fora Vida à dentro, campo à fora A minha voz se confunde com a voz do vento sulino Que tendo rumo e destino também canta sobre os pastos E nos ermos, campos, vastos, eu canto o que sei e penso Sobre os varzedos imensos onde desenho os meus rastros Meu canto é parte de mim, anda comigo à cavalo Por entre domas e pealos, em tropas ou recorridas Com esperanças perdidas e saudades mal domadas Com cicatrizes lavradas dos esporaços da vida Com cicatrizes lavradas dos esporaços da vida Por isso tenho milongas entranhadas no meu ser E poucos hão de entender que o meu verso pelo duro Abre rasto pra o futuro, sesteia em sombras de molhos E guarda luas nos oios' para enxergar no escuro Deixar rastos e milongas, sinais de cascos e esporas É como semear Rio Grande vida à dentro, campo à fora Vida à dentro, campo à fora Vida à dentro, campo à fora Vida à dentro, campo à fora Vida à dentro, campo à fora Vida à dentro, campo à fora Vida à dentro, campo à fora Vida à dentro, campo à fora