Pelos céus não se ouve chiado Pelo ar a notícia não corre Por que ninguém diz o que houve O que ocorre com o encarregado? Tu não soube do novo babado? Quando o vi não contive meu choque Até onde sabia anjo não morre E o tal Gabriel é finado Num bilhete em papel dourado Deixou seu recado Aqui Acalmem-se arcanjos Pois ainda estando em prantos Sua carta irei abrir Vá chamar Rafael, vai correndo Para saber se a morte confere Pois no corpo não há nada que o fere Não há forca e nem há veneno As asas e o pulso afere Susto, diante do que estava vendo é que tinha o morto um semblante ameno E na boca um sorriso alegre Num bilhete em papel dourado Deixou seu recado Aqui Acalmem-se arcanjos Ainda que em prantos sua carta Irei abrir Esqueçam o meu nome E deixem meu passado pra trás Dê paz ao meu direito Em respeito do defunto que aqui jaz A verdade é que o assunto Vos dá pleito de pensar em duvidar Mas por hora, dito é feito Então enterrem meu presunto no luar Meu cadáver no luar Meu cadáver no luar Rezem o terço sem demora Quando a hora consumar Meu cadáver no luar Meu cadáver no luar Rezem o terço sem demora Quando a hora consumar Com o povo celeste emotivo E velório como o combinado Mesmo se repetindo o recado Ninguém entendia o motivo Num bilhete em papel dourado Um comunicado pra quem Muito lhe importava Terminou a sua carta com um último Amém