Em Recife, quando chove Os corações transbordam Nas bocas de lobo do chão Na resistência de uma velha conquista O tabuleiro da maldade nos persegue E eu me sinto só No cheiro de chuva De medo, do tempo de vó No vinho barato, no rato, perguntando ao pó ♪ O fiscal da moral alheia Se embaraça entre a língua e o cadarço Não sabe seguir Na passagem do ciclo do trauma Faltou luz e perdeu sua alma na hora de ir E alguém te machuca profundo por não existir Barrancos que caem sobre ti sem nem avisar Por que você monta tudo e desmonta? E o mundo já acabou tantas vezes Que eu perdi a conta ♪ O fiel do que não acredita Se limita em reproduzir ordens De um falso messias Entre as rinhas dos filhos vendados Em um quarto escuro apertado o pai se perdeu E a mãe apedrejam certeiro sem titubear Sangrada, julgada, culpada por nada fazer No que você pega isso e desconta? E o mundo já acabou tantas vezes Que eu perdi a conta Por que você guarda tudo e não conta? E o mundo já acabou tantas vezes Que eu perdi a conta