Beirava mês de janeiro Tinha chuva no sertão A tarde tava embaçada Fui "tratá" da criação Peguei o "trio" do pasto Pra no cocho por ração Mas não sabia que a vida Naquela tarde tão linda Ia me "dá" uma lição Chamei o meu cão Serrano Pra "dá" comida pro gado Cachorro que na invernada Vale mais que um peão montado Sinueiro foi na frente Contente abanando o rabo Na minha vida campeira Cachorro daquela esmera Não se deixa desprezado Num trecho sujo do pasto Gordureiro "pa" cintura Topei um cascavel "maiado" Que armou sua arapuca Antes mesmo de "dá" o bote Meu Serrano já "raiô" Espantou aquela cobra Que em meu cachorro valente Seu veneno ela deixou Andou só umas doze "braça" E num "braquiará" deitou Vi no seu pescoço a marca Onde o cascavel ferroou Corri "cuele" pra cidade Pro Nhô Zoca "socorrê" Seu corpo e "zóio" morteiro Naquele instante severo Meu Serrano ia "perdê" Veneno que era pra mim Meu cachorro ia matando Depois da medicação Ele foi recuperando Voltou pra roça o cachorro Meu amigo soberano Nesse mundo de surpresa Salvou-me dessa maleza Meu cão amigo Serrano