Eu corria sem olhar pra trás Só porque era assim que eu sabia ir Passava por gente, adulto, criança Deixava bicho, aldeia, lembrança pra trás Já não dava mais pra desistir E eu pensava em tudo que eu carregava O desalento se impregnava em mim Eu vivia sem imaginar que amanhã Eu não estaria mais aqui Eu contorcia, tentava voltar Mas não podia, não, ninguém pode voltar E sempre que a chuva leve tocava a minha pele Eu desfrutava da paz de ser água também Eu percebia que o momento chegava O desalento então grudava em mim Eu era um rio Envolto em desengano Fadado a desaparecer Eu era um rio Com um destino insano Fadado a desaparecer no oceano Vislumbrei à minha frente o que eu temia Fui em frente pois não seria diferente Não podia parar Não pensava mais em nada Atravessava a madrugada E tudo o que eu carregava Ia desaguar Eu era um rio E cometi um engano Pois na verdade eu me tornei o oceano Amanheceu Amanheceu E o oceano era eu