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Mortão VMG - Pindorama (Batuque de Ĺ) lyrics

Artist: Mortão VMG

album: É Ritmo, Mas Também é Poesia


Tá vendo a maldade do branco?
Tá vendo o chicote que estrala?
Tá vendo o batuque do banto?
E o canto que vem da senzala?
Um povo que já sofreu tanto
E ainda assim não se abala
Portanto eu já te garanto amigo
Não tem opressão que lhe cala
A reza e a fé no seu santo
O jeito que a gente fala
De fora até causa espanto
No entanto seguimos que nem mestre-sala
Eu caio mas eu me levanto
A arte é a prova de bala
É parte do nosso encanto
Não tem um país que se iguala, não
Nem tudo que é do Brasil
É daqui do Brasil, nega
Mas tudo que é do Brasil
Não se pode o Brasil negar
Nem tudo que é do Brasil
É daqui do Brasil, nega
Mas tudo que é do Brasil
Não se pode o Brasil negar
E o samba que é da Bahia
Não veio de lá, de lá
E antes de ter português
Já tinha guarani aqui
E esse Brasil que a gente
Hoje chama de lar, de lar
Nem é assim que se chama
Antes era Pindorama Tupi
(Nem é assim que se chama)
(Antes era Pindorama Tupi)
Esse batuque que a gente rebola vem lá
De Angola, de Congo, Cabinda e Cambondo
Preto quilombola, bole feito mola
E se embala na ginga do jongo
Não tem ginga dura, swinga a cintura
É nosso coringa, é mandinga pura
Seu santo é forte que nem pinga pura
E cura o que nem a seringa cura
Não posso negar, eu sou brasileiro
Eu sou o tambor do terreiro
Mas também sou o grito de dor que ecoou pelo cativeiro
Eu não posso negar meu roteiro, não
Será que um dia a gente vai pagar
Por todo o pecado do nosso passado
Que não se pode apagar
Jamais
Que desde o cultivo de cana
Que o preto ainda vai em cana
Mas a mão tirana e toda a desgraça
Vai virar fumaça na raça da raça africana
Não se pode negar o passado hostil
Mas podemos mudar o presente
Vamo Brasil, quebra o quadril
Mas quebra de vez a corrente, vai
Nem tudo que é do Brasil
É daqui do Brasil, nega
Mas tudo que é do Brasil
Não se pode o Brasil negar
Nem tudo que é do Brasil
É daqui do Brasil, nega
Mas tudo que é do Brasil
Não se pode o Brasil negar
Nem tudo que é do Brasil
É daqui do Brasil, nega
Mas tudo que é do Brasil
Não se pode o Brasil negar
Nem tudo que é do Brasil
É daqui do Brasil, nega
Mas tudo que é do Brasil
Não se pode o Brasil negar
Nega
Nega

Nega
É preciso saber de onde a gente veio
Pra saber pra onde é que vai
Pra saber como é que tá
Mãe lusitana e africana meio a meio
Mas também bebi no seio
Da madre Tupinambá
Filho bastardo sem direito a orfanato
Vi o capitão do mato
Matar mulato na marra
Estupefato com tanto assassinato
A favela é só o retrato
De um mal que não desgarra
E o candidato no mandato faz contrato
Praticando estelionato
Numa audácia tão bizarra
Mais uma vez é o povo que paga o pato
Lava mão e lava jato
E o país vira uma farra
Um triste fato, quem dera fosse boato
Porém esse é o relato
Que a realidade a narra
E a nossa gente aprende com o desacato
Dá um jeito, faz um gato
E arranja uma gambiarra
Ou eu combato esse mal de imediato
Ou também como no prato
Dessa mesma algazarra
Pra ser sensato, eu sou brasileiro nato
E não vou deixar barato
Essa mão que nos amarra

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