Dentro do trem, observo várias vidas
Sofridas, cansadas, guerreiras, porém esquecidas
No empurra-empurra, pra entrar no vagão
Que vai ficando mais cheio a cada estação
A disputa é constante pra se ter um espaço
Quem senta, acaba dormindo, vencido pelo cansaço
Pessoas entram e saem a todo instante
Estudante, trabalhador, vendedor ambulante
Skol latão, água mineral e bala Halls
Jornal Expresso, pra ficar por dentro do caos
O vagão tá lotado, e o presídio tambem
Mas tem que caber todo mundo dentro desse trem
Quem vem, quem vai, quem entra, quem fica, quem sai
Esse é o bonde do trem, que balança, mas não cai
Da estação Mesquita, Marcão MC
Direto do Dom Pedro II, vulgo Central-Japeri
De vários bairros, de várias cidades, de vários lugares
Partindo rumo ao Centro, ou pra Comendador Soares
Na hora da partida é aquela euforia
Geral exausto voltando pra periferia
Já faz parte do cotidiano
Bonde do trem, espírito suburbano
Daqui de dentro a poesia ganha forma
Observe atentamente o espaço entre o trem e a plataforma
Intensidade na mente, ninguém contente, é só
O trampo, enquanto acampo, meu inimigo maior
Considerações, piores possíveis
É só saber que quanto mais se aperta, a corda arrebenta sem nó
No olho do menor eu vejo a visão
Futuro? Um vencedor, ou não
Trabalhador do bom
Um pouco de ambição e um coração sonhador
Dentro do trem ou metrô, não importa o quanto calor que for
Se é necessário lutar, tem mais:
Acreditar, quem corre atrás nunca vai cansar
Rapaz, com 2 reais ou algum centavo
Compra refrigerante ou bala de mascavo
Trabalho escravo, na mão do Criança Esperança
A semelhança, vem no colo, com mais esperança
Desconfiança... e o futuro da gente
Trabalho, padrões, debaixo de um sol quente
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