Eu, negro injuriado, cabelo enrolado, nariz arrebitado, assanhado, humilhado, no entanto
Tem um tanto que nem eu
Sou um cara afro-brasileiro, da cuíca, do pandeiro, batuque do terreiro
Sou filho de violeiro, eu sou do santo que o Brasil não conheceu
Como sujeito engajado que de tanto ser mal-tratado pela vida eu aprendi
Não adianta por a culpa no governo e na cultura do estrangeiro que enriquece por aqui
Tem mesmo é que trabalhar dobrado
Ter oxu bem do seu lado e não ter medo de cair
A sua crença, a sua raça, a sua cor
Se você não der valor, quem é que vai te seguir?
Ninguém vai te seguir!
Ninguém vai te seguir!
Vem cá neguinha mostra logo esse gingado
Requebrado que eu não posso resistir
Vem cá pivete joga fora o canivete
Pega a bola, deita e rola, faz um gol pra eu sorrir
Conheço um cara que só fica ali parado dizendo que eu sou culpado
Por isso que tá ruim
Não tem escola, criança pedindo esmola, fumando crack, cheirando cola
Uma versão tupiniquim
Como sujeito enganjado que de tanto ser mal-tratado pela vida aprendi
Não adianta por a culpa no governo e na cultura do estrangeiro que enriquece
Tem mesmo é que trabalhar dobrado
Ter oxu bem do seu lado e não ter medo de cair
Crença, raça, cor
Se você não der valor, quem é que vai te seguir?
Não, não vai, ninguém vai te seguir!
Não, não, não, ninguém vai te seguir!
Oooh, não, ninguém vai te seguir!
Oooh não
Ninguém vai
Te seguir
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