Sorrateiras sombras entre o nevoeiro Esgueiram-se furtivas sem deixar vestígio Fogem quando os uivos das sirenes frias Como o azul que deitam lhes aguça a vida Nem o frio conta como companhia O orvalho borda a colcha de uma cama fugidia Os dias ao contrario são as noites do avesso São as febres ao começo do inferno em delírio Às vezes têm fome de saber ter fome E gritar por quem a fome lhes sacia Ou o medo esmaga como um beijo quente E com uma carícia adoça a angustia de ser gente Às vezes têm fome de saber ter fome E gritar por quem a fome lhes sacia Ou o medo esmaga como um beijo quente E com uma carícia adoça a angustia de ser gente Os olhos veem longe quando estão fechados E até lhes trazem cheiros que há muito não sentiam Há muito não é tanto porque o tempo ainda é pouco E enquanto os olhos sonham não lhes dão cuidados Sentem-se insensíveis e desafiantes Nada, nem os homens, pode causar dano A vida não ficou pior do que era dantes Nem vai ficar melhor com o puxar do pano Às vezes têm fome de saber ter fome E gritar por quem a fome lhes sacia Ou o medo esmaga como um beijo quente E com uma carícia adoça a angustia de ser gente Às vezes têm fome de saber ter fome E gritar por quem a fome lhes sacia Ou o medo esmaga com um beijo quente E com uma carícia adoça a angustia de ser gente (Às vezes têm fome de saber ter fome) (E gritar por quem a fome lhes sacia) (Ou o medo esmaga com um beijo quente) (E com uma carícia adoça a angustia de ser gente) Às vezes têm fome de saber ter fome E gritar por quem a fome lhes sacia Ou o medo esmaga com um beijo quente E com uma carícia adoça a angustia de ser gente Às vezes têm fome de saber ter fome E gritar por quem a fome lhes sacia Ou o medo esmaga com um beijo quente E com uma carícia adoça a angustia de ser gente Às vezes têm fome de saber ter fome E gritar por quem a fome lhes sacia Ou o medo esmaga com um beijo quente E com uma carícia adoça a angustia de ser gente Às vezes têm fome de saber ter fome E gritar por quem a fome lhes sacia Ou o medo esmaga com um beijo quente E com uma carícia adoça a angustia de ser gente Às vezes têm fome de saber ter fome.