Do nada a vida vira o verso Gira brisa retrocesso Que revela na ferida um peito aberto Bem difícil de fechar Por nada o gesto esquece a força da partida E a intenção que era protesto Perde acesso E a medida do que se quer provocar E o fato vira um conto mal contado Feito pra se acreditar Pra se perder e bailar Sem chão querer flutuar E afundar Se tudo for correto Todo aspecto incerto É um jeito esperto de apontar o dedo Bem direto na cara de quem quiser Bem perto do gatilho do progresso Há um tambor de réu confesso e um cano cheio De insucesso junto ao punho da moral e a boa fé E o espectro de um método abjeto destinado a sufocar Vai se espalhando no ar Basta poder respirar Vai enfrentar a sombra que te engoliu Se deparar com a imagem que nunca existiu Reprocessar pedaços do que te serviu Mas se você não viu Melhor esquecer Tentar respirar Cultivar você Não dá pra chorar Nem se arrepender Pra entender a vida como está