Nesse momento a resistência dorme cedo Já cansada de buscar disposição pra não ter medo Nesse momento o pensamento é um segredo Impermeável como a pele de um rochedo Nesse momento a providência é um arremedo Dos que sempre lucram no desassossego Não há santidade nem arrego Não há sentimento à dividir Nem alimento à consumir Que traga alento para o peito Não há um invento que dê jeito De banir com a maldade E o tormento que foi feito Não há novidade no defeito Nesse momento, a discórdia cresce em verso e prosa E seus frutos nascem do arvoredo Nesse momento é reinventada a memória Dentro da trajetória do sujeito Nesse momento ficar neutro é um trejeito De quem pra história entra como escória Não há sanidade nem respeito E na hora que o vento vir trazendo a tempestade Pra varrer toda cidade, o coração vai estar atento E é capaz de explodir no movimento da vontade E desprezar sem muito alarde esse insano experimento E deixar saudade Do que já passou... Do que não vai ser... Não há sociedade nem direito Não há validade nem eleito