Cria do chão missioneiro Cria do chão missioneiro carrego desde criança A cruz de uma santa herança, de cantor e guitarreiro Na minh'alma de campeiro que que venera as tradições, Profundas convicções me dão a fibra e a garra E a garganta de cigarra para cantar as missões Sou o que os historiadores Procuram lá nas ruínas Mas não sabem os doutores Que esta saga não termina Que ainda restam descendentes Da terra dos sete santos E o passado está presente Em tudo aquilo que canto Não sabem que a esses escombros Ainda sirvo de escora E que carrego no ombros Trezentos anos de história Podem pensar que sou louco Mas eu comprovo na estampa O que hoje somos poucos Os fósseis vivos da pampa Sou filho dos sete povos Tenho sangue de Sepé E tudo que digo eu provo Com juramento de fé O meu legado é tanto Nem carece explicações E até no canto que canto Ecoa a voz das missões Guarany fui batizado E ahora pago minhas penas Sob o símbolo sagrado Da velha Cruz De Lorena Porém não sabe que nada A história do vencedor Que a lança fez-se guitarra E o guerreiro payador Pra manter viva a memória As pedras ganharam nome E transformaram em história O que resta desses homens Pois mais vale a carcaça De um templo quase no chão Que os descendentes da raça Que ragam changuiando pão.