Sento-me, sinto a dor evaporar Fecho os olhos, ouço o fogo crepitar. Paz plena na mais serena, mais pequena sala onde estou. As horas passam no sofá que me sustem, Mas não disfarçam as rugas que a mente tem. Porque é que emanas perfume em chamas E não me queimas, não sei. Mas o que é que eu sei? E porque é que eu digo Que tudo o que receio É real e faz sentido? Mas o que é que eu sei? E porque é que eu sigo? E porque é que a madrugada Anda de dia comigo? Mas o que é que eu sei? E porque é que eu sigo? E porque é que a madrugada Anda de dia, de dia comigo? Nascem flores de sete folhas de papel. Palavras doces jorram do boião do mel. Desenho a tua cara, faz esquecer o amargo fel Que não suporto mais! Sozinho e contigo nesta sala, neste serão, Afago a labareda que me lembra a tua mão. Quero ficar aqui até, sei lá, até mais não! Até mais não! Mas o que é que eu sei? E porque é que eu digo Que tudo o que receio É real e faz sentido? Mas o que é que eu sei? E porque é que eu sigo? E porque é que a madrugada Anda de dia comigo?