Minha guerra teve início aos 12 anos
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Se eu pudesse ser um bicho, eu seria uma égua
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Ele me violentou e não mais no muro do terraço
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Aos 19 anos fui a égua dele
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Desapareceu numa marcha de soldados, foi-se
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É preciso ter coragem
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Minha guerra teve início aos 12 anos
Ele me acariciava sem que eu o pedisse
Sem que eu tivesse pedido
Iguas a tantas outras que não souberam dizer não
Olha, se eu pudesse ser um bicho
Eu seria uma égua
Uma égua que saísse em disparada desse tempo
Em que não sabia dizer não
Não quero, não quero, assim eu não quero
Eu não entendo o amor assim
Virei uma mulher que tentou ser égua e não conseguiu
Aos 19 anos fui a égua dele
Ele me violentou como tantas outras foram violentadas
Fui violentada e senti culpa
Por ter sido, como tantas outras sentem
Tive medo de ficar grávida, pegar bucho, não peguei
Ele desapareceu numa marcha de soldados
Foi-se e eu também fui
Ele me violentou não mais no muro ou no terraço
Minha guerra teve início aos 12 anos
Ele me acariciava sem que eu o pedisse
Sem que eu tivesse de querer
Iguais a tantas outras que não souberam dizer não
Olha, se eu pudesse ser um bicho
Eu seria uma égua
Uma égua que saísse em disparada desse tempo
Em que não sabia dizer não
Não quero, não quero, assim eu não quero
Eu não entendo um amor assim
Se fosse uma égua
Eu saía em disparada, arrancando a lama
De não sair, virei uma mulher que tentou ser égua e não conseguiu
Aos 19 anos fui a égua dele
Ele me violentou como tantas outras foram violentadas
Fui violentada e senti culpa
Por ter sido, como tantas outras sentem
Tive medo de ficar grávida, pegar bucho, não peguei
Ele desapareceu numa marcha de soldados
Foi-se, eu também fui
Ele me violentou e não mais no muro ou no terraço
Cuidei de mim e hoje eu vivo
Hoje eu viajo nos saguões pela vida
Vivo sem a ferida de estar grávida de alguém
Preciso ter coragem
É isso