Era uma voz que eu ouvia de longe Me chamando enquanto amanhecia, Ou era o vento que vinha de fora e arrepiava por dentro. É hora vambora, ela disse: vambora. E me deu um desenho num papel pequeno, Num céu azul imenso, Acho que era o sonho em que eu voava por alta madrugada, Seus lábios me levavam ela, sussurava: acorda! Mas meus olhos se fechavam e assim eu ia... Uma estrada, uma trilha. Lembro que eu andava por veredas macias Debaixo do cacho da samambaia havia um cheiro que me atraia. Eu procurava, meio que meu perdia, Mas no calor dos seus bracos eu me encontrava. A gente acordava enquanto o sol nascia, Um suspiro e a cortina da janela se debatia. A vela sobre a mesa, a chama ainda acesa: bom dia. E a flor dela se abria.