Eu te vi, eu a ti, vi Quando todos apenas te olhavam, eu te vi Eu te vi, eu a ti, vi Eu vi as tuas feridas, enxuguei as tuas dores Por detrás de um perfeito camuflar Eu as vi abertas, eu te vi sangrar E me fiz remédio pro teu âmago ferido Apesar do mundo inteiro me julgar desvalido Passei os meus dedos por sobre as tuas cicatrizes Acariciei-as com respeito, beijei-as com ternura E tateando a pele das tuas dores Li a tua alma em braile afetuoso Segurei as tuas mãos com as raízes da minha fé E com o perfume natural dos corajosos Te lavei o medo dos pés Eu te vi chorar, abracei o teu choro Que inundava os meus ombros como represa que rompe Me deixando em escombros Como chuva tardia alagando o sertão Dilúvios inteiros no meu coração Mar que invadiu me afogando o peito Ressaca violentíssima que assolou o nosso leito Eu te vi, eu a ti, vi Eu vi a ti