A saudade é um amar sem fim É um sertão imenso, é um ser tão partido É um pântano intenso, é um querer iludido É uma semente dura, é a busca da cura É o estar não estando, é o faltar mais profundo É o morrer respirando, é um buraco no mundo É no mar o naufrágio, é o coração frágil É minguar o universo, é enganar o verso É o piano sem nota, é uma casa sem porta É faltar ar no peito, é um rio sem leito É um silêncio eterno, é um enfeite na estante É um inferno interno, é o acorde distante É o abraço abortado, é um cheiro, é um tom É um instrumento quebrado, é a ausência de som É o poema que ninguém escreveu É uma flor que morreu na varanda É a carta que você não leu É metade, é pedaço, é banda É o deserto atroz, é a quebra do elo É desatar o nós, é um violão celo