Oxente, vou-lhe contar e pronto Bem que eu não queria Ou talvez inté quisesse Uma coisinha me assoprando nos ouvidos P'ra eu não falar muito P'ra falar pouco P'ra não falar nada P'ra mim calar de todo Mas você aí insistindo, me perguntando Me deixando doidinho das ideia E olhe, gente Vou memo' lhe contar e pronto Vamo' deixar de entrementes E entreguemo-nos aos finalmente de uma vez ♪ Eu não sei, nem quero lá saber Quem esfuracou o sacurin Adoniram Naquela noite de 9 de janeiro de 1900 e tal No bar do portuga Serafim Só sei que o Adoniram, guinchando feito um porco Se acabando pelo chão Arrebentou p'ra sempre com a minha boa vida Pai de santo bem que avisou Tem cabeça de bode enterrada nesse chão Precisa botar a garrafa de cachaça Na porta e pedir p'ra entrar Nós pensemo' e tal E acabamos não pedindo coisa nenhuma E todos os dias a gente se emborrachava Com a dita cuja cachaça ♪ Até um dia sem aviso, nem pré aviso da coisa Apareceu por lá uma tal de Otalécia Mulher de bom feitio, anca larga e coxa forte Que começou logo dando pinta a todo o mundo Rico, pobre, preto ou branco, surdo, aleijado ou corcundo Inté deu pinta a cachorro que não era muito imundo Isto falou depois o Juvêncio e inté o escreveu Mas estava eu dizendo A dita criatura tinha os seus argumentos bem à vista Mexe daqui, sacoleja dali E foi descendo uns calor pelo pessoal todo Botando pai contra filho, irmão contra cunhado Deus e o diabo, tudo junto numa tremenda confusão, vixe! E sem se saber bem como, explodiram os palavrão Brilharam os facão, alguém querendo matar meu ovo Desprotegendo as retaguarda Quando de repente se ouviu um grito de morte e pronto Foi-se o Adoniram, furadinho sete vez! ♪ E foi assim, minha gente Não ficou nem um banquinho de pé Apareceu logo a polícia, levou todo o mundo em cana E eu junto com eles Um cara dizendo que fui eu que matei o morto Eu protestando minha inocência De qualquer maneira eu protestando E veja lá você Não é que me prenderam, acusaram, julgaram E me convenceram da autoria do sucedido? E aqui me tem você, eu mesmo (o próprio) Presente, em pessoa, pessoalmente Lhe contando minha história A tal que eu não queria contar Ou talvez inté quisesse