No dia em que eu perdi minha fé Perdi o meu prazo, a chave pro cadeado O caminho pra casa, perdi minhas asas Perdi minhas armas, minha munição A inspiração, perdi o meu chão Perdi a vontade e a motivação A sagacidade e a malcriação Perdi o meu charme, minha vocação Perdi minha fé E era novembro de um ano qualquer Perdi a conta de quando eu caí Sem encontrar apoio pro meu pé Perdi as lentes, os filtros E tive que enxergar o mundo do jeito que é Perdi o medo, perdi a vergonha Perdi a menina e ganhei a mulher, é, é Falemos sobre o sistema E o que me dizem? O que me dizem? O que me dizem? Falemos sobre política E o que me dizem? O que me dizem? O que me dizem? Falemos sobre a polícia O que me dizem? O que me dizem? O que me dizem? Falemos sobre extermínio E o que me dizem? Se eu disser pra você sobre quem eu já perdi Você vai querer contar qual dos seus que já se foi Se eu tentar me esquecer vou tentar me iludir Não vou me omitir, eu sei que o caveirão mata sem boi Mas eu estou no caminho Vou de encontro à maré Coração em desalinho E o que for pra mim já é Entendo bem sobre espinhos Tô ligeira pros migué Visto meu short de linho Me perco pra guardar minha fé ♪ Falemos sobre a verdade O que me dizem? O que me dizem? O que me dizem? Falemos sobre os amigos E o que me dizem? O que me dizem? Ó, mil cairão ao teu lado, dez mil a tua direita Você vai contando com a sorte enquanto as coisa não se ajeita Tomando seus psicotrópicos Pensando em destinos utópicos Ah, essa gente entre os trópicos Ah, essa gente entre os trópicos Ah, essa gente de bem Fodendo com futuros e psicológicos Ah, esse capitalismo, cadeia, cinismo, controle, relógio Ah, esse materialismo e esse seu moralismo folclórico Eu tô guardando minhas peças Saindo do jogo, não quero seu pódio Eu tô seguindo sem pressa Mirando a presa, virando a mesa Eu tô rompendo com o medo Com as merda que fode com a minha cabeça Onde plantam falsidade Ganância e maldade, o amanhã não é certeza Eu treinei isso na frente do espelho Pra cantar segura, pra ter mais firmeza Eu tô abrindo as cortinas Acendendo as luzes pra ter mais clareza Eu tô descendo dos muros Descendo de nomes da alta nobreza Eu tô amolando do minhas facas Contra toda hipocrisia Religião, rima e poesia Meu corpo é o templo, Capela Sistina ♪ Se eu disser pra você sobre quem eu já perdi Você vai querer contar qual dos seus que já se foi Se eu tentar me esquecer vou tentar me iludir Não vou me omitir, eu sei que o caveirão mata sem boi Mas eu estou no caminho Vou de encontro à maré Coração em desalinho E o que for pra mim já é Entendo bem sobre espinhos Tô ligeira pros migué Visto meu short de linho Me perco pra guardar minha fé