É debaixo da terra No silêncio do chão Onde não é superfície O olho não enxerga não É no fundo do peito Junto do coração Onde não é superfície O olho não enxerga não Mas ela tá lá... Na espreita ela espera, a dor Mais bonita mais singela, a flor Vem a chuva clarear Faz a terra estremecer Tira ela pra dançar Germinar eu quero ver E já vai chegar, e já vai chegar Então o olho verá... Árvore que dá o fruto Num processo tão bonito Do fruto nasce a semente E assim se repete o ciclo Ciclo onde o dinheiro é nada Lá quem manda é o mistério Voz de fora mercenária Inventa a semente estéril Diz que a vida é linha reta E que não para de subir Quem perde o bonde do progresso Não terá espaço aqui Agora quem marca o gado é o mercado cristo-rei Dita as regras, faz o jogo, dá as cartas faz a lei A cidade é o modelo da verdade da nação Palco da nossa novela tela de televisão Tudo é lindo! Tudo é bom! Muita luz e muito som! "E cai a máscara" Num aperto de um botão... E bem no fundo lá no fundo Onde mora o coração Até mesmo a cidade Dona rica e poderosa Tem saudade lá da roça Tem saudade do sertão E quando o sertanejo toca Na viola o seu lamento Longe avoa o pensamento Fundo bate o sentimento e Dentro do apartamento A cidade tem vontade de chorar Viola da minha vida Viola da minha história Viola da minha terra Viola da minha memória oiá Árvore que dá o fruto Num processo tão bonito Do fruto nasce a semente E assim se repete o ciclo E assim se repete...