Talvez por minério de ferro correndo na veia
A voz de Milton Nascimento é o que me norteia
Tenho meus sonhos, mas não chegam a ser tanta avareza
Só um café quente e um apêzinho, ali em Santa Tereza
Onde na quinta, eu vá no Orlando pra tomar cerveja
Com um bom amor do lado e uns petiscos na mesa
Família bem, amigos bem o que importa primeiro
Depois eu canto os trem que eu escrevo pro Brasil inteiro
Onde eu nasci, onde eu cresci, aqui tá meu papel
Sou dessa terra, onde as montanhas namoram o céu
Sou do sotaque que a palavra sai quase com mel
Eu sou de mercado central e de Rei do Pastel
Mãe, um dia eu vou sair no MGTV
Gravar uns clipes pra passar no TVZ
Pra mais de meia dúzia perguntar: Ele é de onde?
Prazer, eu sou Felipe de Belo Horizonte
Barreto desse barro que esculpe barroco
Mineiro e, das palavras, eu extraio ouro
Minério e sou de ferro sem abaixar pros outro'
Mistério da caneta, a tinta sai do dorso
Amor pelo que é nosso, o clube não tá morto
A esquina tá na voz de cada artista novo
Que é filho da cidade que é feita de morros
Que é filha do horizonte mais belo de todos
Um vilarejo detrás dessa montanha tem
Onde o sol deita e o povo reza, e diz: Amém!
Contra suas mazelas, por coisas tão belas
Arte, café e o bem, lá em casa sempre tem
Quem quer correr atrás do sonho, percorre por dia
Quatro Avenidas do Contorno e a Rua da Bahia
Se vira tipo num Complexo da Lagoinha
Que a gente tenta achar o caminho e vai perdendo a linha
(Eu vou tocar em cada caixinha e fone da cidade)
Da Estação São Gabriel à Praça da Savassi
Cidade de Nossa Senhora da Boa Viagem
O meu amor pela senhora virou tatuagem
Lembro quando era só Felipe antes de ser Fi
Minha avó Maria Eleonora ainda 'tava aqui
E o tempo voa, eu já não sei dizer o momento
Que a época de chuva começou a alagar o centro
Meu pai descia pro Pizzarella embaixo do prédio
Duas originais, nem via o privilégio
Que era ter eles por perto, ter escola, ter teto
Ter um prato de comida, ter amor e afeto
Quem nasceu aqui lembra da orientação
De preto e branco, Antônio Carlos de azul pela Catalão
No mineirão, com o meu irmão, como se fosse hoje
Antigos 3 e 6, e 9 e 12
Aqui que as nuvens pintam um quadro no traço da fé
Onde que copo de requeijão é lugar de café
Eu sei dez mãos sujas de barro pra uma segurando o ouro
Essas Minas Gerais sempre pertenceram a poucos
Mas Belo Horizonte, minha Belo Horizonte
Metrópole gigante, minha roça, é um fato
Eu sei que eu vou te amar, pois te vejo em meus traços
Desde que eu engatinhava até o último passo
Um vilarejo detrás dessa montanha tem
Onde o sol deita e o povo reza, e diz: Amém!
Contra suas mazelas, por coisas tão belas
Arte, café e o bem, lá em casa sempre tem
Um vilarejo com milhões de habitantes tem
Onde o sol deita e o povo reza, e diz: Amém!
Contra suas mazelas, por coisas tão belas
Arte, café e o bem, lá em casa sempre tem
Felipe nasceu na quinta porque queria tá vivo sexta
Parece que já via as luzes e a cidade cheia
Casou com ela assim que pôs a roupa
Como se visse, do hospital
A serra do curral e a chamasse de noiva
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