Falar sobre o São Francisco pra gente é a vida, né?! Então vou resumir o que seria a tua pergunta Velho Chico deixe na rede os peixes Maria Rosa me espera na beira d'água Ela é poeta mas não se come poema Meu juramento é não pescar na piracema De barro feita a imagem de São Francisco na jangada Joguei fumo e cachaça pro caboclo d'água Carranca espanta mau presságio para que não caia Na água doce minha amarga pele queimada Minha rede pronta o rio apronta se acordar à noite E as almas dos afogados olham tudo das estrelas Mãe d'água sai da água arruma o cabelo Os peixes dormem no fundo cobras perdem seu veneno Mangaba e catuaba, comércio "tá" tendo Esqueça suas dores jogue elas ao vento Facão pra lobisomem mais cachaça pro caboclo Um fio que sustenta a serpente na ilha do fogo Eu vou voltar pra minha Maria e não me impede nem o cão Nem Pirapora nem Juazeiro, atentado de minhocão Velho Chico deixe na rede os peixes Maria Rosa me espera na beira d'água Ela é poeta mas não se come poema Meu juramento é não pescar na piracema Velho Chico deixe na rede os peixes Maria Rosa me espera na beira d'água Ela é poeta mas não se come poema Meu juramento é não pescar na piracema Leva de moleque o cerrado pra caatinga No barro sob a água, na história que te brinda És e como és um altar da natureza Seu Chico por favor não me prenda em tua beleza Que a rede ainda é vazia, eu já to quase na Bahia Sob um chapéu quebrado que o sol tanto agredia E só com a rede cheia eu volta pra minha Maria E atraco ao cais da vila pelo amanhecer do dia Que água de beber chegue ao cantil ligeiro Que sempre tenha peixe para um barranqueiro Ligado nas mudanças que a cultura é viva Não é menos brasileiro porque eu pus batida Atualizamos, não esquecemos de quem somos Cantamos para os que levam esse rio nos cromossomos E ainda somos defensores do alimento desses lares Antes que a seca atinja todos os costeiros e insulares Francisco lê em braille e conta Minas pra Bahia Somando outras histórias de Josés e de Marias E leva esse conto para Pernambuco Rumo Alagoas e Sergipe desaguando tudo Velho Chico deixe na rede os peixes Maria Rosa me espera na beira d'água Ela é poeta mas não se come poema Meu juramento é não pescar na piracema Velho Chico deixe na rede os peixes Maria Rosa me espera na beira d'água Ela é poeta mas não se come poema Meu juramento é não pescar na piracema