Sou (recado a um deus desconhecido) Tu que comandas sonhos e vidas Que és senhor de todo o universo Deixa-me dizer-te das mágoas contidas Nesta canção em que contigo converso Sou um pássaro de asas cortadas Nuvem breve Pedaço de mim Sou o voo raso que descreve Noites negras, horas caladas Relatos de anseio em forma de assim Sou o vento, sou o mar Sou a força de vencer Coragem de lutar Já nada tenho a temer Sou a raiva, sou o crer Futuro do verbo amar Se deste silêncio em que habito Ouvires um grito de aflição Sou eu a dizer-te que acredito Que melhores dias virão Sou a revolta que volta não volta Me devasta Me conduz Sou miragem, cavalo à solta Plano de cineasta Que numa palavra se diz, seduz Sou o vento, sou o mar Sou a força de vencer Coragem de lutar Já nada tenho a temer Sou a raiva, sou o crer Futuro do verbo amar Sou os dias protelados Na voragem da indiferença Sonhos e futuros roubados Que habitam as margens da descrença Mas lá ao longe, na distância Há uma luz intensa, um clarão É um monge nómada na sua errância Que me aponta o caminho da salvação Sou o vento, sou o mar Sou a força de vencer Coragem de lutar Já nada tenho a temer Sou a raiva, sou o crer Futuro do verbo amar