O Circulo Que Leva a Lua No silêncio da noite calada Ressoa-me no peito certa canção É o clamor rouco da terra amada Suplicando aos deuses a redenção É o cante dos homens feitos lonjura Carregando nas vozes o pó do caminho São versos errantes, quimeras, ternura Embalados pelo sonho, pelo pão e pelo vinho São poetas, desafiando os segredos da madrugada Em melopeias de coentros, poejo e hortelã São estetas, sulcando os mistérios da alvorada Libertários, malteses, donos e senhores da manhã E lá do fundo, do que me é mais sagrado Ouço uma voz que paira, que flutua É um pedido de socorro desesperado Esvoaçando nos braços de uma mulher nua Confuso, hesitante, apavorado Reconheço aquela voz como se fosse a tua Sigo-a sem vacilar, cego, hipnotizado E como se o meu destino estivesse traçado Leva-me a sentar no circulo que leva a lua. Fecho os olhos, estou no céu Mergulho em abismos de azul Sou prisioneiro deste labirinto de breu Traço rotas, azimutes, sigo rumo ao sul E lá das entranhas, do ventre da terra mãe Há um grito que por mim chama É o brado da saudade de que sou refém E ao mesmo tempo me reclama Os mais velhos chamam-me de "para pouco" Uma espécie de ave de arribação Não sabem que dentro de mim reside um louco Que vive, mas também morre por esta canção E lá do fundo, do que me é mais sagrado Ouço uma voz que paira, que flutua É um pedido de socorro desesperado Esvoaçando nos braços de uma mulher nua Confuso, hesitante, apavorado Reconheço aquela voz como se fosse a tua Sigo-a sem vacilar, cego, hipnotizado E como se o meu destino estivesse traçado Leva-me a sentar no circulo que leva a lua.