Salve essa gente A molecada contente É que hoje tem água E amanhã o tempo é quente Não tem quem não agradeça (Tem quem?) veja se agüente O bairro ir se quietando Tá madrugando novamente Acorda! Depois do baile da quarta-feira Tremeu o grave, os padre, as freira Cumpadi, groove sem pena Deixou a área pequena Gravemente ficou cheia De onda e de areia Grave de veia na ceia E a praia ficou bêbada Criou seu vício De tanto beber o mar Foi do bar ao precipício Pr'esse céu azul bem loco Escorreu feito mel Vermelho não tava pouco Pingando pinga do réu Cana, cachaça, branquinha Marvada água fininha Que passarim não bebeu Mas perde a linha Sangrou o que queria E ele bem que podia Ser do meu ou do teu Tinta que pinta E quem tem a cor do corte De quem nasceu no norte Sem lenço ou documento Futuro nem passaporte Tomou a bala que era tua E o furo virou pintura Já não há tela pra pintar tanta amargura Nua e crua Salve a beleza Vende amor, vende cerveja É tudo matéria-prima Devassa ou devota sobre a mesa Mas é tudo tão vulgar Qualquer delírio Delato, delito Dito o que tu delegar Nem maria, que é mania Não é mais segredo Nem ela me dá sossego Sem dar bronca e me queimar Se fosse isso, repito Até que tava bonito Mas afoito, aflito e frito É um mano que não vai saudar Deixou saudade Viveu só pela metade Deixou filho, fé, e laje Pro primeiro que achar Tonta, tenta, tanta tinta Tanta lata que respinga Tanto litro que embriaga Tanto luto, que preguiça Salve a bondade Bonde do beco à cidade Louvando o sol que ainda arde Covarde, quer me secar Sujos com essa tinta escura Pintando mágoa e loucura Quem vai inventar a cura Pra ressaca do mar?