Eu nunca calcei os sapatos de alguma aflição Nem nunca troquei a mobília do meu coração Até escrevi às paredes ao dar de beber à raiz E fiz do impossível meu auto retrato Meu mundo canção, meu país Eu nunca gostei da palavra em cima do muro Nem nunca julguei as migalhas dos meus absurdos Ainda vou dar uma guinada nas coisas que não suporto E vou tomar mate compadre por casa Com a alma e o pinho no colo. Vou eu tropeçando nas pedras, vendo a vida como ela é Conjungando um dedo de prosa disposto a ter fé Sou eu revirando as paisagens, com a carne exposta ao fogo Com a alma de volta pra casa na casca do ovo Foi preciso andar na contramão dos relógios Foi preciso usar o violão e ser lógico Encarar a fome, enxugar a tristeza Transgredir o ódio, escapulir da inveja Engolir a dor na solidão da conversa Num cantinho de Porto Alegre mora Nossa saudade interiorana! Nossa saudade interiorana! Nossa saudade Uruguaiana!