Vem na guitarra campeira Com rendilhas pela boca Lembranças dessa milonga De um campeiro domador Que ao calar das madrugadas Já tiflava na mangueira Formando sobre a boeira Parelha de cascos novos Só pra mostrar aos mimosos Um rio grande sem basteira Foi no lombo de um crinudo Sentador, mal arriado Que o capenga ginetaço Se quedou na tarde morna No passo da assombração Corcoveou o alazão reiuno E o capenga apertado Com um par de garfos ferrado Prendeu seu último grito Arrastou trastes da lida No luzeiro das estrelas Basto, bocal e rendilha Maneador, cincha e carona Pois a noite tinha o dom De acalmar potros na doma E lá quando amanhecia O capenga já se ia Reunindo tropas gavionas O capenga já se ia Um rodeio bem parado É o seu maior encanto Ali ensinava o canto Pra os baguais Que eram seus filhos Mas estava em seu destino Este alazão cor de ouro Com baldas de outros lombilhos Que lhe matou num estouro Num entardecer de domingo Que lhe matou num estouro E agora calo a guitarra É o meu sinal de respeito A memória de um gaúcho Que faz da doma um sinuelo Há um saudade crinuda Não se amansa campo afora Traz lembranças de esporas Acordando sesmarias Acordando sesmarias Maragatiadas de auroras