Se abalamos a procura de trabalho em terra estranha Não foi gosto de aventura, nem foi paga de promessa Se partimos da campanha, foi contra nossa vontade Quem parte leva saudade, pois nem sabe se regressa Era guerra e era morte Era fome e a mordaça Era toda essa má sorte, que por dentro nos desgasta Que nos fez galgar fronteiras, que fez de nós emigrados Gente sem eira nem beira Da nossa pátria exilados Quem parte leva saudade, pois nem sabe se regressa Hoje escondem as verdades e com discursos atoa Querem convencer o povo que emigrar é coisa boa Mas não vamos em folias, não nos levam ao engano Com festas e romarias uma vez em cada ano Somos um brilho que corre, por entre margens diversas Que lentamente percorre o seu destino as avessas Mas é nas margens do povo que havemos que ser do ventre Pra fazer um país novo, num sentindo bem diferente