Eu hoje sou barco Subindo manhãs Sou remo lançado No rio de amanhã Sou campo e cidade Sou mão que esqueceu De acenar saudades E dizer adeus Eu sou a maré nova Na praia velha Trago de liberdade duas mãos-cheias Sou força do trabalho que se semeia Sou o estandarte novo Desta muralha Sou a batalha-povo Que em mim se ganha Pão que por mim se ceifa E em mim se espalha Sou campo desperto Que encara de frente Sou um sol do tamanho Do corpo da gente Sou gesto e palavra Poeta, soldado Sou terra lavrada Por fúrias e arados